quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O PSB e a representação política

Por Cláudio André de Souza*

A representação política, enquanto traço marcante da política contemporânea, ajuda-nos a compreender a saída do PSB da base do governo, uma vez que se trata de uma movimentação partidária preocupada em reorientar o partido no intuito de construir novas relações de representação no terreno eleitoral.

Nesse sentido, o objetivo é a candidatura presidencial de Eduardo Campos, conciliando propostas valorizadas pelo eleitorado do PT e PSDB. Este será o caminho mais difícil, pois, até aqui, pouco sabemos quais são as concordâncias e discordâncias que a diferenciaria dos seus possíveis adversários eleitorais. Ao partido, neste momento, é crucial revelar seus propósitos.

Tem sido o PT o partido que trouxe de modo intenso a questão social como bandeira de representação política, mas que por força do realismo eleitoral pôs em suspensão reformas estruturais antes frequentes em seus programas partidários. Já o PSDB parece incapaz de abandonar um passado neoliberal de crença no mercado em detrimento da igualdade, como tem buscado os governos latino-americanos. Na verdade, os tucanos se afastam da questão social como primado do desenvolvimento, diferente do seu adversário que estabeleceu um conjunto de políticas sociais legitimadas pelos eleitores, o que ajuda a explicar o seu êxito eleitoral nas últimas eleições.

Talvez, o grande desafio do PSB seja a construção de um projeto político que não somente seduza o eleitorado destes dois partidos, mas que realinhe discussões importantes em uma agenda mais ampla de desenvolvimento social, em parte como fez a sociedade civil ao abrir um novo ciclo de mobilizações políticas no país.

Como já dito, a atitude do PSB visa verdadeiramente as eleições, tendo a chance de reconectar forças sociais a uma agenda de reformas importantes que surgem como desejáveis entre os eleitores, já que a radicalização destas reformas anda fora do eixo de representação por parte do lulismo e dos demais oposicionistas. Esta empreitada exige virtú e fortuna do PSB, para além de negociações intensas que têm sido realizadas dentro e fora da base governista, visando principalmente a construção de palanques nas eleições estaduais.

* Doutorando em Ciências Sociais (UFBA) e professor de Ciência Política da Universidade Católica do Salvador (UCSAL). E-mail: claudioandre.cp@gmail.com