segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Leituras impossíveis

Por Sérgio Praça
Doutor em Ciência Política (USP)

Há um tempo, não lembro onde, li alguém escrevendo sobre textos que nunca leu e que adoraria ler. Pensei em uma lista de vários textos, livros etc. que quase certamente nunca terei a oportunidade de ler – infelizmente! É esta:

1) A carta de despedida que John Lennon escreveu em um voo na primeira turnê americana dos Beatles, em 1964, quando o avião sofreu uma pane grave e ele tinha certeza de que morreria. Pegou uma câmera de um fotógrafo, tirou o filme de dentro e escreveu esta carta no filme, imaginando que assim o conteúdo seria preservado. O avião não caiu, é claro, e não faço ideia do que aconteceu com a carta;

2) Todos os livros que o escritor norte-americano J.D. Salinger supostamente escreveu em seu auto-exílio a partir de 1953 até 2010. Seu último texto foi publicado em 1965 (LINK: http://en.wikipedia.org/wiki/Hapworth_16,_1924) e muito se especula sobre o que ele teria escrito no isolamento, sem publicar;

3) As biografias do historiador Robert A. Caro sobre Richard Nixon e Bill Clinton. Caro escreveu três livros incríveis sobre Lyndon Johnson (deputado, senador, vice-presidente e presidente dos EUA), e o quarto será lançado em maio deste ano. Como ele demora muito para escrever, certamente (e infelizmente) não terá tempo de vida suficiente para escrever com calma sobre Nixon e Clinton...;

4) Os diários de campanha, incluindo a contabilidade do financiamento partidário, da Arena nos anos setenta, do PMDB nos anos oitenta, e do PT e PSDB nas duas últimas décadas. Parece impossível e absurdo? O sociólogo Sudhir Venkatesh conseguiu informações parecidas de traficantes americanos (LINK: http://www.amazon.com/Off-Books-Underground-Economy-Urban/dp/0674030710/ref=sr_1_2?ie=UTF8&qid=1328726568&sr=8-2). O que muda é apenas a “tipificação” dos crimes...;

5) Finalmente, adoraria ver a correspondência entre prefeitos, governadores, parlamentares etc. e ministros e o presidente (ou presidenta) do Brasil em qualquer época. Seria fascinante saber quais pedidos foram feitos por quem e quando, se foram atendidos etc. De novo: parece impossível e absurdo? Pois os cientistas políticos Brandon Rottinghaus e Daniel Bergan conseguiram dados assim para cerca de trinta anos nos Estados Unidos (LINK: http://prq.sagepub.com/content/64/1/31.abstract).

Nenhum comentário:

Postar um comentário