sexta-feira, 2 de março de 2012

Mano Menezes e o impacto político da guerra civil na Bósnia

Por Sérgio Praça*

Terça-feira, 28 de fevereiro, em um universo paralelo, às 15h30 (horário de Brasília), no vestiário da AGF Arena em Saint Gallen (Suíça), o técnico da seleção brasileira fez a seguinte preleção para os jogadores: 

“Pessoal, parem de tomar esse guaraná Antarctica e me escutem um pouco. Andei pesquisando nosso adversário de daqui a pouco no Wikipedia e vou ser um pouco cruel, mas as notícias são animadoras. A Bósnia e Herzegovina – vou falar só Bósnia para simplificar – sofreu muito com uma guerra civil em 1992. Cerca de 200 mil pessoas morreram e isso afetou, indiretamente, o número de bons jogadores que o país tem à disposição (Peguei esse raciocínio do livro “Soccernomics”, de Simon Kuper e Stefan Szymanski). Além disso, Neymar e Willian José, provoquem bastante os zagueiros e os laterais. Um estudo de Sebastián Saiegh, Edward Miguel e Shanker Satyanath mostra que jogadores que vieram de países que sofreram recentemente com guerras civis tendem a ser violentos, a perder a cabeça com mais facilidade com as firulas que vocês fazem tão bem. Neymar, isso vale mais para você, o Willian é mais maduro e objetivo. Bom jogo, se a gente não ganhar de goleada eu me demito e peço para o Ricardo Teixeira e o A. Sanchez saírem também!”

Na vida real, nenhum jogador bósnio tomou cartão amarelo ou vermelho e Willian José, atacante do São Paulo, não foi convocado.

* Doutor em Ciência Política (USP)

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