quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Vencedores sob distintas formas

Por Humberto Dantas*

Diversos analistas buscam apontar os partidos vencedores, e os grupos derrotados nas eleições de 2012. Uma mesma legenda, por vezes, é colocada em ambos os lados. A maioria das avaliações dá conta apenas dos partidos que tiveram políticos eleitos para a prefeitura, mas e o cargo de vice? E a presença na coligação? Como ignorar siglas que, provavelmente, farão parte dos governos a partir de 2013?

Com base exclusivamente nas capitais realizamos um exercício simples: um partido vai receber cinco pontos se elegeu o prefeito, três pontos se indicou o seu vice e um ponto se estava na coligação vencedora. É claro que nesse último caso, existe grande diferença entre receber o apoio de um partido pequeno e contar com a colaboração de um gigante. Em Belo Horizonte, por exemplo, o PSDB era “mero parceiro” de chapa do PSB do reeleito Marcio Lacerda, que teve como vice o PV. O erro, nesse caso, é ofertar aos tucanos o mesmo peso do PSL, mas o exercício revela curiosidades que merecem atenção.


CABEÇA
VICE
COLIGA
CIDADES
PONTOS
PONTOS
5
3
1
PSB
5
3
5
13
39
PSDB
4
2
3
9
29
PT
4
2
6
26
PP ¹
2
3
7
11
26
PPS
1
4
8
13
25
PDT
3
1
6
10
24
PMDB
2
3
1
6
20
PSD
1
1
6
8
14
DEM
2
4
6
14
PR
2
7
9
13
PC DO B
3
4
7
13
PTN
12
12
12
PTC
1
7
8
12
PV
2
5
7
11
PRB
9
9
9
PSDC
9
9
9
PSC
8
8
8
PMN
8
8
8
PRP
7
7
7
PTB
6
6
6
PSL
6
6
6
PRTB
5
5
5
PT DO B
5
5
5
PSOL
1
1
5
PHS
4
4
4
PPL
4
4
4
PCB
1
1
1
¹ Fez chapa pura em Campo Grande

A primeira delas está associada ao número de capitais onde os partidos, de maneira geral, se sagraram vencedores. O tão observado PSB, que conquistou o maior volume de capitais do país (5) é também a legenda que mais participou de grupos vencedores. Ao todo foram 13, ou seja, metade das capitais do Brasil terá, muito provavelmente, antes mesmo das composições entre Executivo e Legislativo, o PSB no governo. O número é idêntico ao registrado pelo PPS, que apesar de passar por um processo de desidratação nos últimos anos, conquistou Vitória-ES e emplacou quatro vice-prefeitos pelo Brasil. Em terceiro lugar uma curiosidade: o PTN, Partido Trabalhista Nacional. Apoio é algo que não se despreza na política, mesmo que venha de partidos pequenos, diz o discurso corrente. Curioso, nesse caso, que a legenda criada a partir da família Abreu em São Paulo escolha tão bem o lado em que joga. Ainda no campo das curiosidades, o PP aparece como único partido a vencer as eleições em uma capital com chapa pura, em Campo Grande-MS. Por fim, o PT mostra que cobrou caro seu apoio. Em nenhuma capital, ao menos no que diz respeito às alianças vencedoras, o partido apoiou alguém sem, pelo menos, apontar o vice.

Quando aplicados os critérios de pontuação destacados, o PSB e seus cinco prefeitos, três vices e cinco apoios marcou 39 pontos e, nas capitais, demonstra que é o grande vencedor. Dez pontos atrás vem o PSDB, em segundo lugar com quatro capitais, dois vices e três apoios. Com 26 pontos vem o PT, que tem números idênticos aos dos tucanos, com exceção aos apoios que não foram dados, ou não lograram êxito. E justamente porque apoio pontua, encontramos o PP com os mesmos 26 pontos e suas duas prefeituras, três vices (somando a chapa pura) e sete apoios. Com 20 pontos ou mais ainda aparecem o PPS (25), o PDT (24) e o PMDB (20). Em seguida, a legenda debutante e sua principal fonte alimentadora: PSD e DEM têm 14 pontos e são seguidos pelo PR com 13. Em matéria de grandeza, as eleições nas capitais mostram que os partidos mais fortes continuam dominando o cenário nacional, sendo necessário observar com atenção as habilidosas conquistas do PSB.

* Doutor em Ciência Política (USP)

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